domingo, 5 de setembro de 2010

antiga arte marajoara

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graças a gentil convite do amigo Paolo Carlucci, no dia de hoje tive prazer de assistir a magnífica aula de Stefano Ricci e Claudio Franchi sobre a cultura, imagem e simbolismo da Amazônia no mundo com ênfase na antiga arte marajoara. Escrevo esta simples nota para registrar este acontecimento, mas pretendo retornar mais tarde para avançar numa reflexão cujo início está no ano de 1999, quando a leitura de "Viagem a Portugal", de José Saramago me motivou a revisitar a "Viagem Filosófica" do naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira e a escrever o ensaio "Novíssima Viagem Filosófica" (1999) e em seguida "Amazônia Latina e a terra sem mal" (2002).

ora, a "Novíssima Viagem" é uma garrafa de náufrago lançada à corrente metafórica da cultura em busca de conexão entre a a ilha do autor e o velho mundo ocidental. O segundo ensaio assume a mestiçagem cultural desta latinidade periférica que devora a grande civilização imperial e a transforma - ou seja, dá a ela outra forma - sem renunciar às diversas heranças que a geraram.

o tema do "paraíso" está presente nestes ensaios saídos da grande ilha do delta-estuário da Amazônia: mas, o que ressalta é a contradição do "inferno verde"... Trata-se da dialética histórica entre a realidade e o sonho em todas extensões da Terra. De certo modo, a "Novíssima Viagem" e a "Amazônia Latina" foram responsáveis pela boa camaradagem intelectual com Paolo Carlucci, Sergio Nunes, Maurice Gey, Fernando Silva e outros bons amigos e amigas com os quais trabalhamos a ideia e imagem "autrement" da Amazônia. Este trabalho sensível e discreto teve momentos significativos por ocasião da vinda ao Pará de Fernando Silva com o grupo folclórico de Barcarena (Portugal) "Macanitas" que falam pela dança a história social do trabalho em nossa antiga metrópole; Jack Lang, o eterno ministro da Cultura de Mitterrand, que veio ao Pará numa embaixada de amizade pessoal e deixou uma larga porta aberta entre Belém e Paris; o sociólogo do Ócio criativo Domenico de Masi, que viu em Marajó o paraiso a ser reconquistado para a economia da cultura pós-industrial; e ultimamente Stefano Ricci e Claudio Franchi, no polo joalheiro São João Liberto: outrora lugar terrível onde pobres ladrões de gado remanescentes das tribos extintas do Marajó e o romancista da Amazônia, Dalcídio Jurandir; purgaram suas penas. A dialética "Paraíso" e "Inferno". Eu não creio em alquimia, mas ela existe...

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